Boletim da dengue: médica associada da AML reforça a importância da notificação

Resultados do segundo LIRAa de 2024 foram apresentados no auditório da AML, em reunião do Comitê Gestor Ampliado da Dengue, e apontaram estado de alerta em Londrina

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) apresentou os resultados do segundo Levantamento Rápido de Índices para o Aedes aegypti (LIRAa) de 2024 em Londrina em reunião do Comitê Gestor Ampliado da Dengue realizada no auditório da Associação Médica de Londrina (AML) no dia 12 de novembro. 

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Segundo LIRAa de Londrina aponta índice de infestação da dengue de 3,3% na cidade/ Foto: Vivian Honorato-NCom

 

Com uma amostragem de 9.808 imóveis vistoriados entre os dias 21 e 26 de outubro, em todas as regiões urbanas da cidade, foi identificado um Índice de Infestação Vetorial Predial (IIVP) de 3,3%. Isso significa que, a cada 100 imóveis vistoriados, em três foram encontradas larvas do mosquito da dengue. 

O trabalho de coleta e análise realizado pelos Agentes de Combate à Endemias (ACEs) mostra que 90% dos focos positivos estão dentro das casas, mais especificamente em vasos de plantas e bebedouros de animais. Os outros 10% foram encontrados em recipientes em desuso armazenados nos quintais.

A médica associada da Associação Médica de Londrina Dra. Josemari Sawczuck de Arruda Campos, integrante da Comissão de Saúde Pública da AML, explica que são muitos os fatores que interferem no controle do mosquito Aedes Aegypti em Londrina. 

“É uma tarefa muito difícil e ficou evidente que a Secretaria Municipal de Saúde está fazendo aquilo que é possível diante dos recursos disponíveis. Londrina é uma cidade multifacetada, com infraestrutura urbana precária e pessoas vivendo em situações de risco, com baixa qualificação para o trabalho e baixa escolaridade e, por isso, o controle de dengue na cidade é muito desafiador, diferentemente de outras cidades que são mais homogêneas”, avalia a médica.

Segundo ela, aos médicos, cabe estudar sobre sinais e sintomas de dengue, para diagnóstico e conduta precoces, com manejo adequado, para contribuir para a boa evolução dos quadros clínicos. “Também é importante seguir as orientações das equipes de vigilância epidemiológica, com notificação obrigatória de todos os suspeitos e demais providências que sejam solicitadas.”

Ela reforça que aos laboratórios clínicos cabe notificar. “Se tiver resultados de sorologia positivos para ‘anticorpos de fase aguda (IgM)’ para dengue, a vigilância epidemiológica tem que ser notificada. Sempre notificar a mais é preferível a não notificar. A notificação é muito importante.”

A Dra. Josemari destaca que se o paciente apresenta quadro febril, indisposição, além dos demais sinais e sintomas de dengue já amplamente divulgados, ele deve ser monitorado, em especial, do terceiro ao sétimo dias da doença. “Esse é o período de maior risco de ocorrência das reações imunes inadequadas e risco de agravamento, o qual pode ser súbito. Mesmo se a febre já passou ou se ocorreu só nos primeiros dias”, alerta a médica.

LIRAa de 2024 mostra cenário de alerta 

Segundo o LIRAa, a região Oeste de Londrina é a mais afetada, apresentando um Índice de Infestação Vetorial Predial de 3,70%, seguida pela região Sul, com 3,68%, e região Norte, com 3,58%. A região Leste apresentou índice de 2,95% e o Centro 2,63%. 

Conforme a escala de Análise de Risco Entomológico seguida pelo Ministério da Saúde (MS) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o IIVP acima de 3,9% é considerado de risco. Entre 1% a 3,9% é estado de alerta e abaixo de 1% é satisfatório.

O secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, indica a necessidade de alerta da população em relação aos níveis de infestação. “No ano de 2024, o Brasil atravessou a maior epidemia de dengue da sua história. No Paraná e, consequentemente, em Londrina não foi diferente. Nossos esforços agora são para que em 2025 a gente não tenha uma nova epidemia em Londrina”, diz.

Ações contra a dengue

A Secretaria Municipal de Saúde de Londrina emprega várias ações de combate a dengue, entre elas está o método Wolbachia, que consiste na liberação de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia. Ela impede que os vírus da dengue se desenvolvam no inseto, evitando a transmissão das doenças. Estes mosquitos, chamados de Wolbitos, não são geneticamente modificados e não transmitem outras doenças.

Outra ação importante é a disponibilização da vacina contra a dengue para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. O imunizante está disponível por livre demanda em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs), basta comparecer à unidade com documento de identificação e carteirinha de vacinação.

Além disso, são feitas aplicações de inseticida residual, atividades educativas em escolas sobre a prevenção de arboviroses e mutirões de limpeza em localidades que apresentam aumento de incidência de casos.

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Em 2024, Londrina registrou 68.151 casos notificados até o momento, com 41.552 casos confirmados e 20.416 casos descartados. Outros 6.183 casos ainda estão em análise, 52 óbitos foram registrados.

Por Comunicação AML – Infinita Escrita com assessoria de comunicação da Prefeitura de Londrina

comunica.aml@aml.com.br

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