Suspensão anunciada pela Organização Mundial de Saúde nesta segunda, 25 de maio, ocorreu após divulgação de estudo publicado na revista médico-científica The Lancet (22/05), relatando que o trabalho realizado com 96 mil pessoas apontou que a cloroquina e a hidroxicloroquina aumentam os riscos de arritmia cardíaca nos pacientes que receberam os medicamentos durante o tratamento da Covid-19. A suspensão da OMS abrange trabalhos coordenados pela entidade e que contavam com a participação de cientistas de 100 países.
Segundo a OMS, a interrupção é temporária. A decisão foi tomada até uma reavaliação da segurança do medicamento. Isto porque estudos recentes mostraram que ela não é eficaz contra a doença e ainda pode apresentar riscos aos pacientes. A organização ainda informou que estão mantidos os demais testes que coordena dentro de uma iniciativa internacional chamada de “Solidariedade”. Os pesquisadores seguem observando os resultados de três tipos de antivirais e de um remédio usado para tratar esclerose múltipla no tratamento da Covid-19.
No Brasil, os dois medicamentos constam em um protocolo divulgado em 20 de maio pelo Ministério da Saúde para o tratamento da doença. As drogas são indicadas mesmo para pacientes com sintomas leves.
O artigo científico – Publicado em 22 de maio na revista médico-científica The Lancet o artigo indicou que não houve melhora significativa na condição de saúde de pacientes medicados com quatro protocolos diferentes de cloroquina e hidroxicloroquina. Feito por um grupo de cardiologistas, o foco da pesquisa foi identificar arritmias cardíacas e mortalidade hospitalar em pessoas sob o efeito dos medicamentos. O estudo foi realizado em um grupo multinacional de pacientes em 671 hospitais do mundo. Ao todo, 96.032 pacientes participaram dos testes, sendo que cerca de 15% total – 14.888 pessoas – foram medicados.
O estudo é o primeiro a analisar o uso desses medicamentos em larga escala. Foram analisados dados de mais de 96 mil pacientes hospitalizados em 671 hospitais. Desse total, 14.888 pacientes receberam hidroxicloroquina ou cloroquina, com ou sem antibiótico, e 81.144 pacientes não passaram por nenhum dos tratamentos. A pesquisa apontou que as pessoas tratadas com cloroquina ou hidroxicloroquina apresentavam maior risco de morte quando comparadas àquelas que não receberam o mesmo tratamento.
Os autores do estudo sugeriram que esses medicamentos não devem ser usados para tratar a covid-19 fora dos ensaios clínicos até que os resultados deles estejam disponíveis para confirmar a segurança e a eficácia para pacientes com a infecção. A pesquisa é assinada pelos pesquisadores Mandeep R. Mehra (Brigham and Women’s Hospital Heart and Vascular Center e Harvard Medical School, EUA), Sapan S. Desai (Surgisphere Corporation, EUA), Frank Ruschitzka (University Heart Center, Suíça) e Amit N. Patel (University of Utah e HCA Research Institute, EUA (Com Reuters)
Fontes:Com informações UOL e Portal Saúde Debate, e agências