Inédita, a “Exposição Benelli 70 anos – Acrílico Sobre Tela” é um encontro com a arte para o público. E a realização de um sonho para o artista plástico e médico, José Eduardo de Almeida Benelli. Natural de Arapongas, formou-se em Medicina em 1977 pela Universidade Federal do Paraná, especializando-se em Alergo Dermatologia, mas a pintura também é uma de suas paixões.
O público pode conferir suas obras até o dia 13 de outubro, no Espaço AML Cultural, que fica na Praça Primeiro de Maio, 130, (em frente à Concha Acústica), em horário comercial, de segunda a sexta-feira. A entrada é gratuita. Cores, detalhes, entradas sem portas e descobertas livres formam o convite.
A relação do autor com a arte teve início na infância, quando os rabiscos de menino já eram observados com outro olhar pelos mais atentos. Os estudos começaram com atividades literárias e visuais em 1974, no Centro de Criatividade de Curitiba, e cursos de desenho e pintura com João Ozório Brzezinsk, Fernando Calderari, Maria Eduarda Sandrini e Lígia Borba. “A arte faz parte da minha essência, sobretudo como ser humano.”
Dali pra frente, a sequência de exposições individuais e coletivas sucedeu-se até os dias atuais. Entretanto, essa exposição em Londrina tem significado especial para o autor. “É minha primeira exposição individual em Londrina e estou muito contente por isso.” Assim como as premiações, que preenchem a biografia de Benelli.
Sobre as obras apresentadas, explica de modo delicado que elas compõem o seu cotidiano. “São uns cantinhos que observo lá em casa.”
70 anos
Aposentado da Medicina, celebra os seus 70 com alegria por aquilo que a arte representa em sua trajetória e sobretudo no momento atual.
Durante as tardes, no período em que suas telas estão expostas ao público, Benelli faz uma visita à AML Cultural. Na última terça (26), teve a honra de receber a artista plástica e amiga Udhi Jozzolino. Em uma visita guiada, Udhi contempla tela por tela e elege a sua favorita. “São bonitas e dispensam legendas”, comenta.
Benelli concorda com a artista que formou muitas pessoas em Londrina e emenda: “E cada um pode ter a sua percepção, o seu sentimento”. Diante da intitulada “Amor”, Jozzolino aponta: “Lembra muito trabalho de criança”. O tour pela galeria da AML rende provocações divertidas, como as de adolescentes. “Somos contemporâneos e o Benelli gosta de dizer que é mais novo que eu”, sorriem. “Faça uma reportagem leve”, brincam.
Entre a prosa e as observação, recordam de uma noite no ano de 1975. Era o Festival de Música de Apucarana, quando Benelli foi premiado sob aplausos de Elis Regina e César Camargo Mariano. “Udhi foi jurada e foi um momento inesquecível. E hoje também ficará, pois Udhi, dado ao tratamento de saúde, está aqui com muito esforço.”
Destacam ainda que o festival não era só de música, premiava as artes. “É verdade que todos lutamos pelo alimento e a arte também é um alimento, assim como a fé”, refletem. Com trajetórias distintas, Udhi como professora e o amigo na Medicina, a arte os manteve conectados.
Disposto a seguir pintando suas telas, Benelli lamenta a falta de incentivo à arte. “Infelizmente, não temos em nossa cidade a promoção de salões de arte, principalmente os coletivos e a Secretaria de Cultura poderia olhar para isso.” E Udhi Jozzolino acrescenta: “Precisamos valorizar mais o coletivo, pois a cultura londrinense, sobretudo o Norte Pioneiro, tem uma identidade que precisa ser reconhecida”, pensa.
Foto em destaque: Reprodução/Instagram
Matéria publicada em 27 de setembro de 2023 – Walkiria Vieira/Folha de Londrina
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