Combate ao Câncer: pesquisa é fundamental na descoberta de tratamentos revolucionários

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Existem hoje, no Brasil, 30 Registros de Câncer de Base Populacional; câncer de próstata e de mama são os mais comuns entre os brasileiros

O dia 27 de novembro é marcado no Brasil como o Dia Nacional de Combate ao Câncer. É uma data de conscientização sobre prevenção e que destaca os avanços da pesquisa na busca pela cura ou pela melhora na qualidade de vida dos pacientes. Estudos identificam desde os fatores de risco e alterações celulares associados ao aparecimento e à progressão do câncer, até o desenvolvimento de terapias revolucionárias contra os tumores.

O Ministério da Saúde informa que existem hoje, no Brasil, 30 Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP) implantados e em atividade, a maioria em capitais. Destes, 26 possuem informações consolidadas, isto é, pelo menos um ano de base de dados disponível, cobrindo aproximadamente 25% da população brasileira.

O câncer de próstata e de mama são os mais comuns na população brasileira, somando 65.840 novos casos de câncer de próstata e 66.280 novos casos de câncer de mama, conforme levantamento publicado pela Fundação do Câncer em 2020.

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Ainda segundo dados da Fundação, o câncer de cólon e reto aparece como o segundo mais incidente, tanto em homens como em mulheres: 20.540 e 20.470 novos casos até 2020, respectivamente.

O Linfoma de Hodgkin é o tipo de câncer com menor incidência entre os brasileiros, somando 1.590 novos casos entre homens, e 1.050 novos casos entre mulheres até 2020.

Combate ao Câncer Infanto Juvenil

Novembro também marca o Dia Nacional de Combate ao Câncer Infanto Juvenil, primeira causa de morte entre crianças e adolescentes (de 0 a 19 anos) no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer infantil tem 80% de chances de cura se diagnosticado precocemente.

A data 23 de novembro foi instituída pela Lei 11.650/2008 para estimular ações educativas e preventivas relacionadas ao câncer infantil e difundir os avanços técnico-científicos.

Ainda segundo o INCA, cerca de 12 mil novos casos da doença surgem no país por ano, com previsão de 2,7 mil mortes. Se, por um lado, os cânceres em crianças e adolescentes são considerados mais agressivos e se desenvolvem rapidamente, por outro, os pacientes infantis respondem melhor ao tratamento e as chances de cura são maiores.

Os tumores mais frequentes na infância e na adolescência são as leucemias (que afetam os glóbulos brancos), os do sistema nervoso central e os linfomas (sistema linfático).

O neuroblastoma (tumor de células do sistema nervoso periférico, frequentemente de localização abdominal), tumor de Wilms (tipo de tumor renal), retinoblastoma (afeta a retina, fundo do olho), tumor germinativo (das células que vão dar origem aos ovários ou aos testículos), osteossarcoma (tumor ósseo) e sarcomas (tumores de partes moles) também acometem crianças e adolescentes.

Os sintomas do câncer infantil muitas vezes são parecidos com os de doenças comuns entre as crianças. Por isso, consultas frequentes ao pediatra são fundamentais. Entre os sintomas estão: palidez, manchas roxas, dor na perna, caroços e inchaços indolores, perda de peso inexplicável, aumento da barriga, dor de cabeça e sonolência.

O tratamento é planejado de acordo com o diagnóstico do tumor, as suas características biológicas e a presença ou não de doença à distância do tumor.

A pesquisa no combate ao câncer

Estudos apontam fortes evidências entre o excesso de peso e o desenvolvimento dos cânceres de cólon e reto, mama, ovário, próstata, esôfago, pâncreas, rim, corpo do útero, vesícula biliar, e fígado. Os quatro primeiros estão na lista dos mais incidentes no Brasil.

Historicamente, os três marcos da pesquisa na luta contra o câncer são:

  1. A identificação do ato de fumar e beber como fatores de risco para câncer de boca e faringe pelo Dr. Joseph Fraumeni Jr., em 1988.
  2. Alterações genéticas e celulares básicas que levam ao desenvolvimento do câncer de mama pelo Dr. Samuel Brooks Jr., em 1990.
  3. A descoberta da imunoterapia, que estimula o organismo a identificar as células cancerosas e atacá-las com medicamentos que modificam a resposta imunológica, pelo Dr. Augusto Ochoa, em 2004.

A pesquisa aponta, ainda, que carnes processadas podem causar câncer em razão do procedimento industrial a que são submetidas como salga, defumação, cura e adição de conservantes que, quando chegam ao estômago, transformam-se em substâncias cancerígenas.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), câncer de pulmão, mesotelioma (tumor do tecido que reveste o pulmão, estômago, coração e outros órgãos) e câncer de bexiga estão entre os mais comuns tipos de câncer relacionados ao trabalho. Cânceres de pulmão e de bexiga estão entre os 10 mais incidentes no Brasil.

Há evidências de que o uso de agrotóxicos está associado ao aumento do risco de câncer de próstata, principalmente de tumores mais agressivos. O câncer de próstata é o mais incidente entre os homens brasileiros.

O amianto pode se acumular no ovário de mulheres expostas à substância, aumentando o risco de desenvolver câncer. Entre as brasileiras, o câncer de ovário está em 7° lugar no ranking nacional.

Software da UEL acompanha tratamento do câncer de mama

Auxiliar equipes médicas na análise da progressão das células cancerígenas na região das mamas, bem como os efeitos dos medicamentos usados no tratamento do câncer, são os objetivos de um software desenvolvido por dois estudantes de pós-graduação do Centro de Ciências Exatas (CCE) da Universidade Estadual de Londrina (UEL), coordenados pela professora do Departamento de Matemática Neyva Maria Lopes Romeiro.

Resultado de um trabalho científico proposto pela docente em 2019, o software já está registrado. O projeto “Uso de software que integra algoritmos de geração de malhas na modelagem matemática – câncer de mama – avaliação da dinâmica da proliferação de células anormais e o uso de agentes quimioterápicos em um modelo de difusão” conta com participação de pós-graduandos e graduandos da área de Computação.

De acordo com os mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação da UEL Rafael Furlanetto e Pedro Zaffalon, desenvolvedores do sistema, o software ContExt nasceu com o objetivo de preparar e processar imagens geradas em exames médicos, como mamografias e tomografias, extrair os dados e aplicar modelos matemáticos e simulações que permitam projetar o crescimento de um tumor maligno.

Desde o início do trabalho, imagens de exames clínicos obtidas em mamografias foram usadas como base, no entanto, o sistema também poderá processar imagens geradas em outros tipos de exames.

Uma das principais potencialidades do ContExt na análise das malhas e na simulação numérica é a sua capacidade em selecionar pequenos grupos de regiões que contêm valores mais luminosos, obtidos pelo processo de digitalização da imagem que podem não ter sido identificados na análise da mamografia. Após a identificação destas regiões, um contorno será gerado pelo software e preparado para receber a simulação matemática. Isso vai auxiliar oncologistas e demais especialistas a tomarem decisões com ainda mais embasamento e antecedência.

“Por exemplo, conseguimos selecionar regiões ainda menores porque identificamos esse espaço com uma densidade maior. Então, utilizamos nesse contorno o modelo matemático para identificarmos quanto tempo levaria para (o tumor) se espalhar. Outra ideia é selecionar uma região maior, usar o tratamento de quimioterapia, por exemplo, e ver em quanto tempo ele iria diminuir”, explica a professora Neyva Romeiro.

Outra pesquisa recente que pode antecipar o tratamento do câncer de mama foi desenvolvida pela cientista brasileira Ana Elisa de Oliveira, que criou dois sensores de baixo custo, impressos em papel, para detectar a presença de substâncias deixadas pelo tumor em fluidos corporais, a exemplo de soro sanguíneo ou saliva.

Segundo Ana Elisa, as vantagens no uso de sensores eletroquímicos são a alta sensibilidade da ferramenta, que eleva a qualidade dos resultados, e o custo de produção baixo. Os aparelhos são descartáveis, requerem pouca manutenção e a análise dos testes dispensa técnicas especializadas.

“Sensores impressos em tela custam, em média, cinco dólares, contra oito centavos do sensor de grafite proposto pela pesquisa. Isso é, nosso aparelho tem um valor 65 vezes menor que o do produto de mercado”, compara a doutoranda da Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ), que ganhou o Prêmio CAPES de Tese 2023, do Ministério da Saúde, na área de Materiais.

Foto em destaque: Freepik

Por Comunicação AML: Divulga e Infinita Escrita com informações da Fundação do Câncer, Ministério da Saúde e UEL

comunica.aml@aml.com.br

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