A promoção é em parceria com a secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres de Londrina e visa orientar médicos e estudantes de medicina para melhor avaliar, orientar e informar sobre a condução de casos de violência familiar identificados em consultórios ou em atendimento ambulatorial de hospitais e unidades de saúde.
A Roda de Conversa será em 21 de novembro, a partir das 19:30 horas, no auditório da Associação Médica, e será aberta também à comunidade, já que este encontro integra a programação da secretaria Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres que, desde setembro vem realizando diversas ações com o apoio de entidades de classe e instituições sociais – dentre elas a AML – por meio do programa “Juntas Somos Mais.”
Participam da Roda, que será conduzida pela presidente da AML, Dra. Beatriz Tamura, e pela secretária Nádia Oliveira de Moura, também representantes do Ministério Público, do Juizado de Menores e da Segurança Pública do município de Londrina, já que um dos principais pontos abordados no programa do encontro é justamente melhor orientar os médicos quando observada a suspeita de violência em momento de atendimento a uma mulher ou criança. O objetivo é informar como proceder, conduzir e encaminhar o caso aos órgãos competentes, conforme preconiza o Código de Ética Médica e as medidas protetivas, os serviços de prevenção e apoio às vítimas de violência existentes na cidade.
“Na maioria das vezes é o médico quem primeiro identifica a (possível) violência – seja em seu consultório, seja em pronto-atendimento. Mas muitas vezes o profissional (ou mesmo o estudante em regime de Internato) não está atualizado em como proceder de forma legal e segura para si e para a vítima, ou ainda desconhece para onde deve encaminhar a paciente, como e quando deve ou se cabe a ele denunciar “, comenta a presidente da AML, reforçando a importância deste encontro para a classe médica.
“Sabemos que é dever do Estado criar políticas públicas, coibir, punir e buscar erradicar todas as formas de violência (seja contra a mulher, crianças e adolescentes, homens), mas não podemos esquecer que se inteirar, atualizar e saber como lidar com esta questão também é uma demanda da sociedade. E no caso da classe médica, mais ainda, pois a violência viola os direitos humanos, o direito à vida, à saúde e à integridade física da mulher”, completa a médica Beatriz Tamura.
Segundo a secretaria de Políticas para as Mulheres, nesta Roda de Conversa serão apresentadas informações sobre a Lei Maria da Penha (um dos instrumentos mais importantes para o enfrentamento da violência doméstica e familiar contra as mulheres), as medidas protetivas, os serviços de prevenção e apoio às vítimas de violência, as ações e políticas disponíveis em Londrina pela rede de enfrentamento à violência doméstica e familiar e as maneiras com quais os médicos e estudantes podem ajudar denunciando os casos de violência.
O evento na AML, em 21 de novembro, antecipa as ações do Dia Internacional de Combate a Violência contra as Mulheres, celebrado mundialmente em 25 de novembro.
AS FORMAS – A violência contra as mulheres se manifesta de diversas formas. De fato, o próprio conceito definido na Convenção de Belém do Pará (1994) aponta para esta amplitude, definindo violência contra as mulheres como “qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no privado” (Art. 1°). Além das violações aos direitos das mulheres e a sua integridade física e psicológica, a violência impacta também no desenvolvimento social, cultural e econômico de um país, de uma cidade, de uma família.
NÚMEROS DE LONDRINA – De acordo com dados da Patrulha Maria da Penha, da Guarda Municipal de Londrina, de janeiro a setembro deste ano, 476 ocorrências de mulheres vítimas de violência já foram atendidas pelos guardas municipais. Destas, 160 mulheres já tinham medidas protetivas para se protegerem contra os agressores e, em 46 casos, ele foi preso em flagrante. Além disso, 91 ocorrências de violência foram realizadas para mulheres que não tinham medida protetiva e em 20 delas foi possível prender o agressor no momento do ato violento. Atualmente, 3.700 mulheres contam com medidas protetivas em Londrina.
Fonte: Matéria publicada originalmente no Jornal da AML-Novembro 2019