Endometriose: diagnóstico precoce melhora qualidade de vida das mulheres

Ginecologista associado da AML alerta: a endometriose tem que ser diagnosticada o quanto antes, principalmente se houver registro de outros casos na família

A data 7 de maio é marcada no mundo todo como o Dia Internacional da Luta Contra a Endometriose, uma doença que acomete 1 em cada 10 mulheres no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE).  Deste total, 57% das pacientes com endometriose têm dores crônicas e mais de 30% dos casos levam à infertilidade.

No Brasil, março foi o mês escolhido para a conscientização sobre a doença, quando mulheres do país inteiro se reúnem em marcha para pedir a criação de políticas públicas para que o tratamento da doença seja ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nas capitais. A caminhada também dá visibilidade à doença e conscientiza mulheres, familiares, amigos e especialistas sobre a possibilidade de cura e tratamentos que promovam qualidade de vida às mulheres.

Hoje, a cirurgia de excisão é a que mais apresenta chances de erradicar a endometriose, mas muitas capitais ainda não disponibilizam esse tratamento pelo SUS. Em Londrina, não se realiza a cirurgia há cinco anos e não há especialista no atendimento primário.

O que é a endometriose?

A endometriose é uma doença ginecológica definida pelo desenvolvimento e crescimento de estroma, que é um tecido vascularizado, e glândulas endometriais fora da cavidade uterina, o que resulta numa reação inflamatória crônica. 

“Dentro do útero da mulher existe uma camada de células chamada endométrio, que todo mês descama quando a mulher menstrua. Mas podem existir células semelhantes, localizadas dentro da cavidade pélvica, que também sangram quando a mulher menstrua, provocando um processo inflamatório muito intenso nessa região, que causa um quadro aderencial importante e a formação de nódulos”, explica o ginecologista Dr. Francisco Lopes, médico associado da AML.

Ele é especialista em endometriose e alerta que a doença ainda é muito difícil de ser diagnosticada pois os exames são caros e de acesso dificultoso, principalmente porque são necessários profissionais especializados em endometriose que atuem nas áreas de ultrassonografia e ressonância. 

“A endometriose normalmente acontece a partir da primeira menstruação, quando a menina começa a ter queixas relacionadas a dores e sangramentos em excesso. Por isso, esse tipo de patologia tem que ser muito bem diagnosticada, e o quanto antes possível, principalmente se houver registro de outros casos na família”, completa o ginecologista.

Ele alerta que quanto mais cedo o diagnóstico, menos problemas a mulher terá com relação ao quadro aderencial e à formação de nódulos, principalmente na região do intestino. “Às vezes, os nódulos podem chegar até o diafragma, pulmão, coração, cérebro, olho, amígdala.”

Principais sintomas da endometriose

  • Dor durante as relações sexuais;
  • Dor para evacuar ou urinar durante o período menstrual;
  • Sangramentos na urina ou fezes;
  • Cólica intensa, que não passa com medicação;
  • Dores fortes na lombar, região pélvica e pernas;
  • Diarreia, náuseas, prisão de ventre ou inchaço durante a menstruação;
  • Dificuldade para engravidar.

Exames e diagnóstico

A melhor forma de diagnosticar a doença é realizar um exame de ressonância nuclear magnética, além dos exames clínicos físicos, de toque e manter uma boa comunicação com a paciente, para entender quais são os sintomas e encaminhá-la para o tratamento mais adequado.

“Infelizmente não existe um tratamento definitivo para a endometriose. Você tem medicações para tentar interromper a menstruação da paciente, para que ela tenha menos processo inflamatório”, diz o Dr. Francisco Lopes. Para ele, é fundamental focar na alimentação anti-inflamatória, nutrição e exercício físico, já que a medicação utilizada é para diminuir os sintomas, mas não a doença em si.

“Dependendo do caso, a cirurgia pode ser curativa, mas não é possível afirmar que novas lesões não ocorram, porque a endometriose tem um fundo genético e um fundo imunológico. O corpo não absorve essas células que estão fora do local onde deveriam estar e elas ficam respondendo ao hormônio que é produzido no ovário e vão se multiplicando e menstruando”, diz o médico, reforçando a importância do diagnóstico precoce para evitar problemas, inclusive na gestação.

“A endometriose é muito complexa, não é só dar um anticoncepcional, não é só pedir para a paciente interromper a menstruação ou não é só colocar um DIU porque ainda não existe um tratamento totalmente específico para a patologia, existe apenas um tratamento que vai ajudar a mulher a ter uma qualidade de vida melhor”, finaliza o ginecologista.

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Por Comunicação AML – Divulga e Infinita Escrita com SBE

comunica.aml@aml.com.br

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