Em julho de 2023, Peru decretou emergência nacional após surto da doença que está associada a infecções virais
Quatro pessoas morreram no Peru este ano em decorrência de um surto de casos da Síndrome de Guillain-Barré, a qual compromete o sistema nervoso. No dia 9 de julho, o governo peruano declarou emergência nacional de saúde por 90 dias. Mas você sabe o que esta doença acarreta?
A Síndrome de Guillain-Barré é uma condição neurológica rara e grave, em que o sistema imunológico ataca o sistema nervoso periférico. Isso resulta em uma inflamação dos nervos, que pode provocar fraqueza muscular, formigamento, dormência e, em casos mais graves, paralisia.
Embora a causa exata da doença seja desconhecida, a Síndrome de Guillain-Barré muitas vezes está associada a infecções virais anteriores e trata-se de uma manifestação autoimune.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, várias infecções têm sido associadas à Síndrome de Guillain-Barré, sendo a infecção por Campylobacter, que causa diarreia, a mais comum.
Outras infecções apontadas pela literatura científica como desencadeadoras da doença incluem Zika, dengue, chikungunya, citomegalovírus, vírus Epstein-Barr, sarampo, vírus de influenza A, Mycoplasma pneumoniae, enterovirus D68, hepatite A, B, C e HIV.
No Brasil, a incidência anual é de um a quatro por 100 mil habitantes entre pessoas com 20 a 40 anos de idade. A Síndrome de Guillain-Barré é considerada uma doença rara e não é de notificação compulsória. O Ministério da Saúde faz o monitoramento por meio do registro de internações e atendimentos hospitalares.
Quais os principais sintomas?
Os sintomas da Síndrome de Guillain-Barré costumam ser motores, causando dormência ou dores no corpo. Na maioria dos casos, começam pelos pés e vão atingindo gradativamente as pernas e braços, provocando dificuldade para andar e manusear objetos. A doença também pode acarretar paralisia facial.
Nos casos mais graves, o funcionamento de nervos importantes, como os que controlam a respiração, pressão arterial, batimentos do coração, também podem ser afetados, provocando o aparecimento de sintomas como dificuldade para respirar, arritmias e pressão alta, o que pode colocar a vida da pessoa em risco.
Outros sintomas são:
- Sonolência;
- Confusão mental;
- Crise epiléptica;
- Perda da coordenação muscular;
- Visão dupla;
- Tremores;
- Redução ou perda do tono muscular;
- Coma.
Como é feito o diagnóstico?
A Síndrome de Guillain-Barré é difícil de ser diagnosticada. Ao sentir os primeiros sintomas, normalmente o paciente procura os serviços de emergência antes de ser encaminhado ao neurologista.
Não há um teste específico para apontar a síndrome e o diagnóstico, geralmente, leva em consideração os sintomas apresentados pela pessoa e, em alguns casos, pode indicar exames como a punção lombar, ressonância magnética e eletroneuromiografia, que é um exame feito com o objetivo de avaliar o funcionamento dos nervos e músculos.
Os pacientes diagnosticados com Síndrome de Guillain-Barré geralmente permanecem internados no hospital para serem acompanhados pela equipe médica.
Como é o tratamento?
O tratamento vai depender da situação clínica do paciente. Em alguns casos, ele pode ter paralisia da musculatura respiratória e alterações do ritmo cardíaco e precisar ficar internado da Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Geralmente, o tratamento é feito com imunoglobulina por cinco dias e então o médico aguarda da resposta clínica. Se o corpo não reagir, é feita a plasmaferese, que é quase a troca do plasma para os anticorpos que não estão envolvidos com a doença.
A maioria dos pacientes tem uma recuperação completa após o tratamento. Apenas cerca de 15% dos casos podem deixar alguma sequela e 5% podem chegar a óbito.
A fisioterapia tem um papel importante para os casos mais graves da doença, especialmente os que precisam de internação na UTI, e ajuda a evitar que não haja atrofia muscular.
Recuperação gradual
Os sinais de melhora da Síndrome de Guillain-Barré geralmente são notados em até quatro semanas após o início dos sintomas. Com o tratamento adequado, a recuperação da força muscular acontece de maneira gradual.
Já os sinais de piora ocorrem nos casos mais graves e que não receberam tratamento, principalmente nas primeiras semanas após o surgimento dos sintomas. Neste período, pode surgir dificuldade para respirar, alterações repentinas da pressão arterial e incontinência.
Mesmo após o tratamento adequado, sintomas como cansaço, dor e formigamentos ainda podem persistir por alguns anos e a maioria das pessoas consegue andar sem auxílio após seis meses.
Por Comunicação AML – Divulga e Infinita Escrita com informações dos sites NewsLab e Tua Saúde
comunica.aml@aml.com.br
Leia também:
Esclerose Múltipla: autocuidado e redes de apoio previnem contra o isolamento social