Para marcar o Dia da Conscientização Contra a Obesidade Mórbida Infantil, especialistas alertam para a importância da alimentação saudável aliada à atividade física
A obesidade infantil é considerada um dos maiores problemas de saúde pública pediátrica do mundo. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), atualmente, a obesidade infantil é tratada como epidemia global por conta, principalmente, de fatores políticos, econômicos, sociais e culturais que comprometem a alimentação das famílias.
A OMS prevê que, até 2025, o número de crianças obesas no planeta some 75 milhões. Já os registros do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, no Brasil, uma em cada três crianças, com idade entre cinco e nove anos, está acima do peso.
Os últimos dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional, de 2019, revelam que 16% das crianças brasileiras entre cinco e dez anos estão com sobrepeso; 9% com obesidade e 5% com obesidade grave. Entre aos adolescentes, 18% apresentam sobrepeso; 9% são obesos e 4% têm obesidade grave.
Para informar a população sobre os cuidados necessários para combater o sobrepeso em crianças, o Ministério da Saúde determinou a data 3 de junho como o Dia da Conscientização Contra a Obesidade Mórbida Infantil.
Não aos alimentos ultraprocessados
Um dos principais motivos que têm levado à obesidade infantil é o consumo desenfreado de alimentos ultraprocessados. A falta de atividade física também compromete a saúde dos jovens, que podem apresentar dificuldades respiratórias, aumento do risco de fraturas, hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes e até câncer. Baixa autoestima, isolamento social e transtornos alimentares também são consequências do sobrepeso.
“A obesidade é uma doença crônica multifatorial, decorrente de um distúrbio do metabolismo energético que ocorre pela interação de fatores genéticos, ambientais e comportamentais e acarreta excessivo acúmulo de gordura corporal, com repercussões orgânicas e psicossociais”, descreve a presidente do Departamento Científico de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Dra. Virgínia Weffort.
Segundo ela, quando os pais têm obesidade (fator genético) e a família possui hábitos alimentares não saudáveis e é sedentária (fatores ambientais) o risco de a criança ser obesa é grande.
Ela adverte para a importância da prevenção e do tratamento adequado de crianças obesas para evitar problemas graves ainda na infância, como diabetes tipo 2, aumento do colesterol, hipertensão arterial, alterações ortopédicas, entre outras. Além da saúde física, a obesidade também pode ter efeitos psíquicos.
“A criança com obesidade pode desenvolver uma autoestima baixa, pois muitas vezes é excluída dos jogos e brincadeiras e sofre bullying, o que pode levar à ansiedade e à depressão, piorando o quadro.”
“O tratamento da obesidade infantil envolve, principalmente, o apoio familiar para adesão à reeducação alimentar, prática de atividade física e, eventualmente, medicação, que só pode ser feita a partir dos 12 anos”, salienta a Dra. Virgínia.
O pediatra e gestor dos ambulatórios da área de Atenção Clínica à Criança e ao Adolescente do Instituto Fernandes Figueira (IFF)/Fiocruz, Dr. José Augusto de Britto, explica que uma criança está em sobrepeso quando tem 25% a mais de peso do que o valor preconizado para a sua idade.
“Isso já é um alerta para a obesidade”, reforça o médico, destacando que quando o valor está 30% acima do peso ideal, a criança já é considerada obesa. “Ambas as condições podem favorecer a doenças futuras.”
O pediatra ensina que para identificar se a criança está acima do peso ideal para a idade é necessário calcular o Índice de Massa Corporal (IMC), dividindo o peso pela altura. Em seguida, é necessário comparar o valor do IMC, de acordo com a idade e sexo, com base nas curvas para avaliação de crescimento propostas pela OMS e que podem ser encontradas na caderneta de vacinação da criança.
Pais devem dar o exemplo
Os pais são grandes aliados no controle da obesidade infantil, pois servem de modelo ao incentivar hábitos alimentares saudáveis e a prática regular de exercícios.
Dados do Sistema Único de Saúde (SUS) mostram que, em 2019, entre as crianças acompanhadas na Atenção Primária à Saúde do SUS, 31% das crianças de seis a 23 meses consumiram bebidas adoçadas, 48% consumiram algum alimento ultraprocessado e 28% consumiram especificamente biscoito recheado, doces ou guloseimas no dia anterior à coleta dos dados.
Por isso, é ideal que as famílias evitem ter alimentos ultraprocessados em casa, como biscoitos recheados, salgadinhos, doces, refrigerantes e sucos industrializados. É sempre melhor comprar frutas, tubérculos, castanhas e cereais integrais.
Outra dica para uma alimentação mais saudável é planejar o cardápio familiar e fazer as refeições em casa. Envolver a criança desde a escolha dos alimentos até o preparo das receitas pode despertar nela o interesse por novos alimentos.
Os pais ainda devem estimular o consumo de frutas, verduras e legumes diariamente, além de aumentar a ingestão de água. Também devem evitar o consumo de frituras e açúcar e não usar adoçantes artificiais.
Levando em consideração os aspectos ambientais e comportamentais da sociedade atual, é fácil perceber que, além de se alimentarem mal, as crianças têm deixado de lado as brincadeiras para passar mais tempo em frente às telas.
Por isso, a família deve incentivar brincadeiras como correr, pular corda e andar de bicicleta. Brincar é fundamental para as crianças fazerem atividade física de forma prazerosa, com benefícios à saúde e ao bem-estar.
Outras orientações incluem amamentação exclusiva dos bebês até os seis meses, não ofertar açúcar e alimentos ultraprocessados até os dois anos, priorizar os alimentos in natura e minimamente processados, oferecer água em vez de bebidas adoçadas e manter a alimentação saudável fora de casa.
Por Comunicação AML – Divulga e Infinita Escrita (com informações da SBP e Fiocruz)
comunica.aml@aml.com.br
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