TDAH: entenda o que é o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

TDAH é uma condição neurobiológica de causas multifatoriais, com sintomas como falta de atenção, inquietação e impulsividade, que pode acompanhar o indivíduo por toda a vida

Bastante comum em crianças e adolescentes, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) tem sido cada vez mais diagnosticado em adultos. A boa notícia é que existe tratamento medicamentoso e cognitivo-comportamental para pacientes de todas as idades.

O TDAH é um transtorno neurobiológico de causas multifatoriais, caracterizado por sintomas como falta de atenção, inquietação e impulsividade. Aparece na infância e pode acompanhar o indivíduo por toda a vida.

Segundo o neurologista associado da AML Dr. Luiz Fellipe Aliberti, esta condição multifatorial é normalmente reconhecida na faixa etária escolar, numa prevalência de 3% a 6%, mas também na adolescência, com uma prevalência de 5%.

Geralmente, o TDAH é reconhecido por pais, professores e pedagogos, por conta dos déficits de atenção e dificuldade de foco, que levam a criança a ter um desempenho aquém do esperado não só nas atividades escolares mas, também, nas interações sociais. “Um paciente muito retraído, que fica isolado, e que leva a muitas preocupações quanto ao excesso de desatenção e falta de foco”, cita o neurologista.

Dentro do espectro, o médico ressalta, ainda, a hiperatividade: “Um paciente muito irritado, muito agitado, que pode levar a um desempenho escolar aquém do esperado e a muitas reclamações sobre o comportamento alterado. No dia a dia familiar, a hiperatividade excessiva do paciente também pode chamar a atenção”, descreve o Dr. Luiz Fellipe.

Principais sintomas do TDAH em crianças e adolescentes:

  • Agitação e inquietação;
  • Movimentação pelo ambiente;
  • Mexem mãos e pés e em vários objetos ao mesmo tempo;
  • Falam muito;
  • Dificuldade de permanecer atentos em atividades longas, repetitivas ou que não lhes sejam interessantes;
  • São facilmente distraídos por estímulos do ambiente ou com seus próprios pensamentos:
  • O esquecimento é uma das principais queixas dos pais, pois as crianças “esquecem” o material escolar, os recados, o que estudaram para a prova;
  • A impulsividade é também um sintoma comum e apresenta-se em situações como: não conseguir esperar sua vez, não ler a pergunta até o final e responder, interromper os outros, agir sem pensar;
  • Apresentam, com frequência, dificuldade em se organizar e planejar suas atividades;
  • O desempenho escolar parece inferior ao esperado para sua capacidade intelectual.

O Dr. Luiz Fellipe Aliberti destaca que 50% dos pacientes diagnosticados na infância e adolescência podem carregar sintomas do TDAH para a vida adulta. “Geralmente são sintomas desatencionais. Isso pode acabar prejudicando em algum momento a vida pessoal e profissional, mas existe tratamento, tanto multidisciplinar quanto medicamentoso para esse público.”

“A condição não era tão reconhecida em adultos e muitos dos pacientes que hoje são diagnosticados é porque reconheceram os sintomas nos seus filhos, por exemplo. Na vida adulta, o TDAH tem uma complexidade maior, com distúrbios de sono, alimentares e de humor, porém é possível fazer o diagnóstico.”

“É preciso um pouco mais de paciência e investigação, mas tem uma mudança de qualidade de vida e perspectiva de melhora no trabalho e vida social muito grande. O tratamento existe para toda faixa etária, feito o correto diagnóstico.”

Sintomas do TDAH em adultos:TDAH: entenda o que é o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

Segundo dados da Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA), em torno de 60% das crianças e adolescentes com TDAH entrarão na vida adulta com alguns dos sintomas de desatenção e hiperatividade/impulsividade, porém em menor número. 

Os adultos costumam ter dificuldade em organizar e planejar atividades do dia a dia, principalmente determinar o que é mais importante ou o que fazer primeiro dentre várias coisas que tiver para fazer. 

Também se estressam muito ao assumirem diversos compromissos sem saber por qual começar. Com medo de não conseguirem dar conta de tudo, deixam trabalhos incompletos ou interrompem o que estão fazendo e começam outra atividade, esquecendo-se de voltar ao que começaram anteriormente. 

Pacientes adultos com TDAH sentem grande dificuldade para realizar suas tarefas sozinhos e precisam ser constantemente lembrados pelos outros, o que pode causar problemas no trabalho, nos estudos ou nos relacionamentos.

Tratamento

Uma dúvida comum de pais, professores e psicopedagogos é sobre o encaminhamento da criança para o profissional de saúde adequado. O Dr. Luiz Fellipe alerta: neuropediatras, neurologistas e psiquiatras são os profissionais com habilidade para realizar o diagnóstico correto e propor um tratamento inicial. 

“Mas, principalmente, o atendimento deve ser feito por uma equipe multidisciplinar, com a atuação de um psicólogo ou neuropsicólogo. O neuropsicólogo ajuda a refinar o diagnóstico. Ajuda, inclusive, no diagnóstico diferencial sobre outras comorbidades que podem ocorrer nessas crianças e adolescentes”, completa o médico.

O trabalho multidisciplinar auxilia, ainda, no tratamento precoce. “Conforme a gente vai entendendo a doença e as comorbidades desse paciente, vamos adequando o tratamento,  que pode ser cognitivo-comportamental, com a equipe multidisciplinar, passando pelo entendimento da escola sobre as limitações do paciente, além do tratamento medicamentoso.”

“Existe uma ampla gama de psicoestimulantes, não-psicoestimulantes, tratamentos para a questão comportamental, tudo isso para levar o paciente para uma vida adulta. Quanto mais precoce o tratamento, melhor”, sugere o neurologista.

Por ser uma doença multifatorial, o TDAH tem seus componentes genéticos e seus componentes ambientais. “Em até oito vezes aumenta a prevalência de TDAH se tiver um histórico familiar, mas o ambiente em que o paciente está inserido é muito importante para o avanço do transtorno”, diz o Dr. Luiz Fellipe.

Como um fator ambiental importante, ele cita o uso de telas, por exemplo: “A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) orienta o uso máximo de duas horas diárias de tela, contando o videogame, por dia. E em pacientes adolescentes, acima de 10 anos, o tempo seria de três horas”.

Outra dica é manter uma alimentação saudável, com o menor consumo possível de alimentos ultraprocessados, e fazer atividade física, principalmente os pacientes que apresentam alteração comportamental e hiperatividade. Atividades como lutas, taekwondo, judô, além de natação e outras atividades aeróbicas são as mais indicadas para aliviar os sintomas do TDAH.

“Não existe uma prevenção para o TDAH, porém, para o correto neurodesenvolvimento da criança e do adolescente, essas orientações são básicas e muito assertivas.”

Por Comunicação AML – Infinita Escrita

comunica.aml@aml.com.br

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