Trombose do viajante ou Síndrome da Classe Econômica: saiba o que é

Ficar muito tempo parado durante longos deslocamentos compromete o bombeamento de sangue ao coração, o que pode resultar na formação de coágulos

Você já ouviu falar na trombose do viajante? É um problema que pode acontecer com pessoas que costumam realizar longos deslocamentos e que passam muito tempo paradas durante a viagem.

A Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV) alerta: não importa se o percurso é feito de carro, ônibus ou avião, nem se a pessoa é motorista, passageiro ou piloto, todos estão vulneráveis ao surgimento de trombose venosa profunda.

O cirurgião vascular Dr. Ramzi El Hozni, associado da AML, alerta para que mulheres e homens adultos procurem um médico vascular antes de realizar longas viagens, para prevenir futuros problemas circulatórios.

De acordo com ele, “trombose do viajante é um termo recém-introduzido para especificar um quadro de trombose venosa profunda nos membros inferiores, que se manifesta com sintomas no final de uma viagem ou logo após viagens longas, em que o passageiro permanece em posição sentada por muitas horas”.

Ele explica que quando ficamos muitas horas em posição sentada, o sangue circula de maneira muito lenta nas pernas e, dependendo de alguns fatores agravantes, o sangue pode coagular dentro de um segmento de veia, interrompendo a passagem do sangue, causando inchaço e, muitas vezes, dores na perna afetada.

De acordo com o médico, entre as consequências da trombose do viajante estão dor e inchaço no membro inferior, que podem durar meses, anos e, eventualmente, o resto da vida, se não tratada precocemente e de maneira adequada.

“A mais temida é a embolia pulmonar. Isso acontece quando o coágulo que está em uma ou mais veias se desprende e vai ocluir uma artéria no pulmão, causando dor no peito, falta de ar e, em quadros mais graves, até a morte, se não tratada”, reforça o Dr. Ramzi.

Para prevenir a trombose, o médico recomenda que sempre que se pretende empreender viagens longas aéreas ou por via terrestre, em posição predominantemente sentada, “deve-se procurar um cirurgião vascular para receber de maneira individual qual é a melhor prevenção”.

“Isto porque podem ser identificados fatores de risco para trombose venosa, além da longa viagem em si”, diz o cirurgião, lembrando que os métodos de prevenção devem ser indicados pelo médico, de acordo com cada paciente, levando em conta idade, doenças associadas, uso de medicamentos, entre outros fatores.

Por que o nome trombose do viajante?

Esse problema ganhou o apelido de “trombose do viajante” pela recorrência de registros em indivíduos com esse perfil.

Ficar muito tempo parado compromete o bombeamento de sangue ao coração. “Pacientes com câncer, obesos, recém-operados, gestantes e pessoas que fazem uso de anticoncepcional oral ou de terapia de reposição hormonal têm ainda maior risco de apresentar a tromboembolia venosa (TEV)”, afirma o cirurgião vascular e coordenador do subgrupo diretriz de tromboembolismo venoso (TEV) da SBACV, Dr. Marcone Lima Sobreira.

A SBACV destaca que a doença – também conhecida por Síndrome da Classe Econômica – ocorre com maior frequência nas viagens de avião. Nas aeronaves, fatores como assentos apertados e espaço curto para movimentar as pernas, aliados ao ar com menor quantidade de oxigênio e à baixa umidade, favorecem o espessamento do sangue e a formação de coágulos.

Dr. Sobreira destaca que viagens de avião multiplicam as chances de pacientes com comorbidades manifestarem um evento tromboembólico.

Em uma campanha de conscientização sobre a trombose do viajante, a SBACV explica que movimentar os pés, acelerando e desacelerando, fazer caminhadas pela aeronave para melhorar a circulação e se manter hidratado, já que a água afina o sangue e diminui o risco da formação de coágulos, são medidas que podem prevenir o aparecimento de trombos venosos.

Tratamento

O tratamento padrão da trombose venosa profunda é com uso de anticoagulante, que impede a progressão da trombose e a embolia pulmonar, destaca o Dr. Ramzi El Hozni, citando que os paciente mais propensos a desenvolver trombose venosa geralmente são mulheres acima de 40 anos em uso de contraceptivos orais ou terapia de reposição hormonal ou em tratamento de câncer.

O Dr. Marcone Lima Sobreira lembra que não há evidências de que o uso de anticoagulante antes da viagem reduza o risco da trombose do viajante. “Sabemos que esse tipo de medicamento diminui as chances de formação de coágulo, mas carregam consigo um risco aumentado de sangramento, levando em conta que em altas altitudes, como é o caso de voos em que a pressão atmosférica é reduzida, há chance de sangramentos graves”, salienta.

O especialista reforça, ainda, que é importante consultar o angiologista e o cirurgião vascular, especialmente em casos de dor, desconforto e edema, a fim de identificar o problema o mais rápido possível.

Confira os principais cuidados para prevenir a trombose do viajante, de acordo com a SBACV:

1 – Usar meias de compressão durante o voo;

2– Utilizar roupas confortáveis, evitando vestimentas apertadas que dificultem o retorno venoso;

3 – Evitar ficar longos períodos sem se movimentar;

4 – Levantar-se e realizar pequenas caminhadas durante o voo;

5 – Movimentar ativamente os pés e panturrilhas enquanto estiver sentado (a);

6 – Beber bastante líquido (água e sucos);

7 – Evitar bebidas alcoólicas durante o voo;

8 – Evitar medicações sedativas que dificultem o passageiro de se levantar ou se movimentar.

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Por Comunicação AML – Divulga e Infinita Escrita com informações da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV)

comunica.aml@aml.com.br

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