Page 6 - Revista AML - Edição de Outubro de 2022

Da tecnologia ao
Da tecnologia ao afeto:
afeto: um caminho
um caminho revolucionário
em
que
tempo
Vivemos
um
revolucionário
máquinas e pessoas se especializaram
em um nível alto de desempenho. A
tecnologia está em todos os lugares,
não se vislumbra mais viver sem ela.
Isso pode trazer oportunidades e
desafios, condutas corretas ou
equívocos, a depender do uso que
damos a tudo isso e de como vivemos
nesta era digital.
Dr. Eugênio Mussak esteve em
Londrina palestrando no HCS e o
tema foi justamente neste contexto:
“Sobre máquinas e pessoas - quem
cuidará de nós amanhã?”. De
imediato, ele já instiga:
“ A tecnologia veio para
nos ajudar e não para nos
substituir. Neste contexto, vejo
que teremos que estudar mais
do que estudávamos antes”.
Sobre o alto nível de atualizações na
área da saúde, Dr. Eugênio
contextualiza que a Medicina é uma
profissão, mas, antes de tudo, é uma
ciência. “Como ciência, ela é uma
espécie de convergência de várias as
outras ciências, você tem a Biologia,
a Anatomia, a Fisiologia, a Química, a
Física, a Engenharia, a Antropologia,
enfim, tudo isso misturado. Cada uma
destas ciências tem sua própria via de
evolução e de desenvolvimento e isso
interfere na Medicina. Todas as
ciências evoluem e a Medicina evolui
mais por isso, por ter várias áreas do
conhecimento caminhando juntas. É
o tipo de profissão em que está
implícita a necessidade da formação
continuada”, afirma.
06
Para ele, a formação do médico se
Atualização.
divide em três etapas: Graduação,
Especialização
e
“Quando se fala em atuzalização, ela
é para a vida!”, exclama.
Foto: AML
Trazendo essa capacitação para a
tecnologia, o médico recorda que ela
é uma invenção do ser humano para
ajudá-lo na execução de suas
tarefas, é ferramenta. “Já dizia
Arquimedes: ‘Dê-me uma alavanca e
um ponto de apoio e levantarei o
mundo’. Podemos ter
ferramentas um caminho
avançar, mas vale lembrar que
nenhuma ferramenta é boa ou ruim
em si mesma, tudo depende do uso”.
>>>
Nesta nova era da revolução
industrial, a que chamamos de
“
revolução digital, todos os setores
Qual é o
estão envolvidos.
setor que está dissociado da
tecnologia digital?”, questiona
Dr. Eugênio. De fato, não se pode
atingiu a Medicina. Hoje falamos do
pensar mais o mundo sem ela. “Ela
uso da inteligência artificial e digo
que no mundo da radiologia um laudo
feito pela inteligência artificial tem
mais confiabilidade que o laudo
emitido pelo melhor radiologista do
mundo. Temos ainda a cirurgia
robótica, a telemedicina, a internet
das coisas que permite a impressão
em 3D, tendo inclusive pesquisas
para substituir órgãos com esta
tecnologia”, enumera.
E em meio a tantos avanços, a
figura humana segue vital para o
sucesso dos tratamentos médicos.
“Vamos incorporar tudo e isso vai
pressupor a participação do humano,
a tecnologia não vai fazer aquilo que
nas
para
o ser humano não desejar, que ele
não estiver de acordo. Isaac Asimov
escreveu livros de ficção cientifica,
mas com base científica. Foi ele quem
criou as leis da robótica e já previa
que teríamos um mundo com robôs
fazendo tarefas do homem. Se
olharmos a Lei da Robótica ela
estabelece que primeiro o robô tem
que cuidar do ser humano, é para
isso que ele existe. Em segundo, ele
deve proteger a ele mesmo, cuidar
da sua existência, desde que isso não
afete a primeira lei. A terceira lei é
que ele tem que obedecer ao ser
humano desde que não afete as
outras duas premissas. Não posso
usar o robô para fazer mal a outra
pessoa ou a ele mesmo”, destaca.
Em meio a máquinas e pessoas, Dr.
Eugênio pontua que logo viveremos
uma nova revolução, a revolução do
“
afeto. As máquinas podem
estar passando a impressão de
que estão esfriando as relações,
mas precisamos demonstrar
que isso não é verdade, vejo que
pelas ferramentas de comunicação
estamos mais próximos, graças ao
Facebook encontrei amigos da
infância, minha turma de formatura
se juntou e se fala todos os dias, ela
nos aproximou. Portanto, se
percebemos que as novas tecnologias
vieram para nos servir e não para nos
substituir, estaremos caminhando
nessa revolução”, conclui.