Dr. José Eduardo Siqueira deixa legado para a Medicina de Londrina

Ensinando sobre a importância do atendimento humanizado e influenciando diretamente diversas gerações de médicos paranaenses, o cardiologista e bioeticista e ex-presidente da AML foi um dos fundadores do curso de Medicina da PUCPR-Londrina

A Associação Médica de Londrina lamenta o falecimento de seu ex-presidente Dr. José Eduardo de Siqueira, aos 82 anos, no domingo, 9 de fevereiro. Familiares, amigos e colegas de profissão se despediram do médico durante o velório na sede da AML. O sepultamento seria no Cemitério Parque das Oliveiras.

josé eduardo siqueira
Dr. Siqueira influenciou diretamente diversas gerações de médicos paranaenses/ Foto: Reprodução do YouTube

 

Reconhecido nacionalmente por seu trabalho como cardiologista e bioeticista, o Dr. Siqueira também se destacou como pesquisador e escritor e era muito querido pelos seus alunos. Para ele, ensinar era muito mais que um dom, era uma missão de vida. “Ser professor está no meu DNA. É saber que estou sendo útil, pois o conhecimento é essencial para o relacionamento humano”, ele confessou, em entrevista recente ao portal da AML.

Natural de São Paulo, graduou-se pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em 1967, era mestre em Bioética pela Universidad de Chile e doutor em Medicina e Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Sua carreira sempre esteve entrelaçada ao ensino da Medicina em Londrina: Dr. Siqueira foi docente da UEL do início dos anos 1970 até 2009 e, quando se aposentou, ajudou a criar o curso de Medicina da PUCPR.

“Professor Siqueira foi responsável por grande parte da construção da nossa universidade e, mais do que isso, da nossa humanidade. Como seus alunos, observamos todo o seu amor e zelo pelo ensino e pela Medicina. No dia a dia, pudemos acompanhar parte de sua sabedoria e toda a sua responsabilidade com tudo e todos. É com muito pesar que comunicamos essa perda, mas somos gratos pela oportunidade de conviver com um mentor tão excepcional e inspirador para nós”, diz a nota de pesar do Centro Acadêmico de Medicina Anísio Figueiredo do curso de Medicina da PUCPR-Londrina.

Dr. Siqueira foi presidente da AML

Dr. Siqueira assumiu a presidência da AML em outubro de 1990 e foi o responsável  pelas atividades científicas que celebraram, ao longo de 1991, o cinquentenário da AML. Dentre as diversas ações científicas e sociais programadas para os 50 anos da Associação,  destacou-se o 37° Congresso Médico de Londrina, com o tema  “A mulher e a criança na sociedade dos homens”. Esse evento, que teve destaque nacional, trouxe a Londrina o Ministro da Saúde da época, Dr. Alceni Guerra.

Outros destaques da gestão do Dr. Siqueira na AML foram:

  • Verba de 40 milhões de cruzeiros reais, do governo federal, para o Programa de Educação Médica Continuada, em 1991.
  • Serões de Pediatra, de destaque regional, que eram coordenados e realizados mensalmente pelo Departamento de Pediatria da AML. Esses serões eram abertos a médicos de todas as especialidades, estudantes e comunidade e ganharam destaque nacional, recebendo apoio institucional e financeiro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). A atividade também foi incluída no Calendário Científico da SBP.
  • Em 1992, no seu segundo ano de gestão, a AML foi referência estadual pela realização da Olímpia Médica.
  • O nome escolhido para o Hospital da Zona Sul de Londrina – Hospital Dr. Eulalino Ignásio de Andrade – inaugurado em 1990, foi uma homenagem sugerida pela direção da AML na gestão do Dr. Siqueira.
  • Outra importante participação da AML junto à Secretaria de Saúde de Londrina, ao final do mandato do Dr. Siqueira, foi a inauguração da Maternidade Municipal Lucilla Balalai, em 23 de dezembro de 1992.

Técnica e empatia na medida certa

Ensinando sobre a importância do atendimento humanizado e influenciando diretamente diversas gerações de médicos paranaenses, para o Dr. Siqueira, o grande desafio da Medicina ainda é formar profissionais que combinem técnica e empatia na medida certa para servir o paciente.

Entre os conselhos que o médico dava aos futuros profissionais, ele destacava dois principais: “O primeiro é ter dedicação. Estudar, pesquisar. A Medicina é uma profissão que exige que se debruce sobre o conhecimento.”

“Mas além de garra e força para se atualizar na literatura, o bom médico precisa estar bem preparado do ponto de vista humano”, orientava.

Essa visão mais humanista da Medicina se revelou ao cardiologista em 1995, quando ele participou de um congresso internacional sobre Bioética, em São Paulo. Após assistir à palestra de um renomado pesquisador do tema, ele decidiu estudar o assunto. Partiu, então, para o mestrado de três anos na Universidad de Chile e, desde então, ensinava Bioética, se tornando, ele também, referência no assunto no Brasil.

Após se aposentar da UEL, em 2009, foi convidado pela PUCPR para organizar o curso de Medicina em Londrina, em 2012. “Como primeiro coordenador, criei uma grade curricular rica em humanismo, numa linha transversal sobre humanidade. O curso passou a oferecer duas disciplinas obrigatórias em Bioética e uma eletiva, intitulada ‘Bioética e Evolução do Pensamento Humano’”, contou o Dr. Siqueira.

Currículo

Além de atuar como cardiologista e professor, Siqueira foi presidente da Associação Médica de Londrina (AML) entre 1990 e 1992. Também foi presidente da Sociedade Brasileira de Bioética entre 2005 e 2007, titular da Academia Paranaense de Medicina, assessor da Redbioética/Unesco para América Latina e Caribe, membro do Comitê Científico da Revista da Redbioética/Unesco e do Consejo Directivo y el Comité Asesor de la Red Latinoamericana de Bioética e membro da diretoria da International Association of Bioethics. 

Após formar-se em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo em 1967, cursou residência médica no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo (SP), especializou-se em Literatura em 1975 e em Cardiologia em 1976. Concluiu o curso de Doutorado em Medicina e Ciências da Saúde pela UEL em 1974 e Mestrado em Bioética pela Universidad de Chile, em 1998.

Foi professor de Clínica Médica e Bioética da UEL no período de 1970 a 2009, coordenador do curso de Medicina e professor do curso de Mestrado em Bioética da PUCPR-Londrina, editor de revistas científicas e autor de livros.

Foi membro do Conselho Nacional de Saúde, membro fundador do Instituto Palliare de Londrina, pioneiro do Conselho Municipal de Saúde de Londrina e titular da Academia Paranaense de Medicina e da Academia de Letras, Ciências e Artes de Londrina.

Conquistou inúmeros prêmios e títulos, entre eles o “Prêmio Léo Pessini – 2020”, da Sociedade Brasileira de Bioética – Regional Paraná, o título de “Pioneiro dos Cuidados Paliativos no Paraná – 2024” pela Câmara Técnica de Cuidados Paliativos do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), e o título de Cidadão Honorário de Londrina pela Lei Municipal 12.001, de 2 de janeiro de 2014.

Por Comunicação AML – Infinita Escrita

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